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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Obra em redefinição



Precisamos reescrever a História,
Colocar pontos em alguns pontos,
Reticências em outros.
Preencher de palavras claras
A escuridão das devassas
Que se acumulam nos livros.
Precisamos de inspiração aguçada
Para reinventar as ações,
Aspirações para o novo mundo,
Que irá repor os perdidos,
Pedidos de perdão.
A História daqui por diante,
Diante de um protesto refotmante,
Irá se reescrever ao posterior.
E que vivências se irão formar,
Novas mentes e novas almas,
No recomeço da matéria espiritual,
No redefinir da obra de Deus.

Jane Santos

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A miséria que te acerca

Analiso neste intante a miséria
Que te acerca,
Ela é a miséria que vem de longe,
Do fundo das tuas entranhas ressequidas
Com bebidas e farinhas com gordura.
É a miséria da tua fartura,
Da tua gula descontrolada frente
Tudo que te oferecem.
É a conversa fiada mais fiada que nunca,
A bobagem na boca,
A dor na nuca,
O veneno do cérebro,
O conhecimento perdido,
É o resultado do mata-bicho
Docemente ingerido,
São os vermes que te roem,
Corroem o já roído,
Penetrando na pele,
Na boca e nos ouvidos.
É tudo aquilo que aceitas sem cheirar, sem olhar,
Sem ao menos entender.
São as drogas da televisão,
Que te empobrecem e te derrubam,
O fácil da vida,
O vazio das ruas.
A miséria que te acerca é a ação negativa,
O pensamento apodrecido
Pelos ferimentos adquiridos.
É tua própria mente, demente,
Cada vez mais odiada por ti mesmo,
Esquecida ao deus-dará.
E Deus não dará, meu filho,
Sem a busca e sem o merecimento.
Ame e conheça e cresça.


Jane Santos

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Silêncio

O silêncio costuma me trazer idéias,
Leva as minhas para longe,
Na sua freqüência imperceptível.
E disseram um dia que era bom,
Que acalmava os ânimos,
Aquietava desânimos
Num canto qualquer do ser.
O silêncio é mestre de tantas coisas,
Flores que desabrocham
Sem alguém ver.
Ele aompanha o passar das noites
Por entre as moitas fechadas
Do sertão.
O silêncio é a música dos sábios,
Sem ensaio, sem algum tocador.
Apenas uma mente,
Uma calmaria no aconchego da sala,
Daí as idéias deságuam,
Lívidas, com a certeza da certeza.

O silêncio costuma me trazer novidades,
Às vezes uma frase,
Às vezes tristezas
À falta de uma pena.

Jane Santos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Desarranjado



O samba toca tranquilo lá ao fundo,
Sou incerteza na tua pele,
E que faço!
Diriam os outros que nós outros
Erramos a linha,
E bordamos um pano desalinhado.
Diriam todos que o samba entristece,
Se ele, por ventura,
Seja um samba calado.
E na calada da noite que se vai,
A mente borbulha
E se aventura ao mundo todo,
Sem mapas, sem nada mais.
Deixo você no seu dormir quase acordado,
E vou tocar outros sambas com outras vestes,
Melodias e cavacos.
Por mais que eu tente,
O descontente desse ser
Irá correr sem freios alguns, sem porquê.
Meu bem, perdoe,
E não se doa com meu calar,
É que você me esqueceu no canto da sala,
E foi pro carnaval sem me convidar,
Por isso meu samba,
Dizem os outros toda vida,
Que desarranjou e ficou sem melodia,
E todavia encontro outros póros,
Viagem astral,
Outros povos.
Não se icomode, vou voltar...
Mas toque a mim, sempre,
Sem desanranjar.

Jane Santos

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Espiritismo

Se queres aprender a amar,
Entrega-te a Jesus,
Este dos precipícios te salvará,
Este te dará toda a luz,
Aquela que é necessária
Para aclarar teus dias de dúvida,
E que diminuirá a tua carga,
E que amaneirará a tua cruz.

Não te demores a crer,
A vida te espera,
Quer tua ação afetiva,
Uma mão mais amiga
E virtudes sem regras.

O amor está para dar,
No teu peito já se plantou,
Cultiva, então, homem de pouca fé,
E verás que além do céu azul
Há a paz eterna,
Finda-se a dor.

Inda que queiras todas as respostas,
Inda que não te contentes com as possíveis,
Crê e vem sem demora
Para a doutrina pura do Cristo.
Não te atormentes com o medo,
Não dê aos maledicentes ouvidos,
Aproxima-te do amor e do conhecimento
E estarás, assim, evoluindo.

A vida aqui te brilha,
Ainda meio ofuscada,
Mas venhas tu a esta doutrina,
E verás a luz sem talhas.
Terás a visão da verdade,
Então sairás falando, levando o amor,
A paz e a caridade.

Jane Santos

Alvorada

Sondo as coisas do mundo
Através desses óculos respingados.
Quebrando as desilusões da vista
Consigo tatear alguma coisa.

Furacões se formam,
Chuvas caem sem dó nem piedade,
Assim se vão metades de cidades,
Encharcando o peito de pesar.

E apesar de tudo,
Esse mundo se mostra ainda habitável,
Desejável e infalível.
Mesmo que meu ser pequeno
Ainda sinta medo.

O escuro das noites sem luz,
A solidão dos dias sem coisas e pessoas,
A visão embaçada das correntes,
Tudo isso me congela à televisão.

Um tempo vem chegando,
E meus óculos estarão quebrados,
Transformados em um fóssil qualquer.
E prometem-me com tenacidade
A chegada de uma nova era,
E quem me dera puder ver.

É por isso que eu poetiso,
Na tentativa inocente de ficar no tempo,
Resistindo ao temporal das mudanças frequentes.

Jane Santos