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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Perdoar



Perdoar é mesmo ação de amor e desprendimento.
Perdoar e passar adiante,
Limpar o espírito dos ódios,
Livrar as mãos das máculas e dívidas.
Perdoar o amigo próximo, o filho, o marido, o desconhecido.
Não guardar o que não nos melhora,
Não remoer... desapegar.
Aprender a controlar sentimentos de perda
E saber que ela sempre virá, de vez em quando.
Aceitar que nem todos te aceitam,
Ou que vez e outra te esquecerão enquanto pessoa,
E te machucarão, ou te odiarão.
Mas o importante é não alimentar nenhuma discórdia,
Mesmo que o ego doa, e sofra desmesuradamente.
Perdoar é ser cristão,
Mas quem isso não aceita, perdoar é ser gente,
Gente fina, gente boa.
Que possamos perdoar as pequenas e grandes faltas do outro,
Que possamos também nos perdoar.


Jane Santos

Poesia da alma


Poesia que toca na alma
E é assim uma mistura
De turbulência e calmaria
Canção que se toca na sala
E é assim um sopro
De saudade e alegria.
Voa, borboleta
Canta, passarinho
Anoitece, lua bela
Que ela vai seguindo o caminho.


Jane Santos

Loucura e razão


Em toda loucura há um pouco de razão
E ela é muitas vezes descuidada
Muitas vezes apaixonada
E outras tantas pé no chão


Jane Santos

Indo livre


A liberdade quer conquista
Quer seguir
Adiante andar
Adiante abraçar
E poder guardar
No baú de memórias
As histórias que ela pinta.


Jane Santos

Poesia descalça


A poesia caminha descalça na minha alma.
Ela não corre
Ela não passa
Ela escorre
Ela deságua.

Jane Santos

Se eu fosse


Se eu fosse uma águia
Eu voaria alto por cima dos mares
Iria ao cume mais alto do Himalaia
Iria à China ou ao Tibete
Pousaria na muralha inerte
Seria uma águia feliz.
Se eu fosse um leão
Eu percorreria a savana
Esbanjando beleza e força
Me estenderia mansamente na relva
Endeusaria bem a selva
Seria um leão feliz.
Se eu fosse uma estrela
Eu seria estrela-guia
Eu anunciaria alegria
Iluminaria a noite escura
Com minha luz ainda que turva
Seria uma estrela feliz.
Se eu fosse uma montanha
Eu observaria o tempo correr
Eu conquistaria a amizade das nuvens
E do sol e da chuva
Eu seria única
Uma montanha feliz.
Se eu fosse uma árvore
Eu faria bela sombra ao mundo
Eu também daria frutos
Para alimentar e dar sabor
Eu daria amor
Seria uma árvore feliz.
Se eu fosse uma rosa
Eu perfumaria tuas mãos
Acalmaria teu coração
Te daria minha cor
Amarela, vermelha ou branca
Eu seria uma rosa branda
Seria uma rosa feliz.
Se eu fosse uma canção
Eu iria tocar no teu rádio
Eu inundaria o espaço
E traria paz
Aquela paz que falta faz
E seria uma canção feliz.


Jane Santos

Candura


Eu quero a essência da doçura
Da candura
Da postura reta
Repleta de flor
Quero ter tempo
De sorrir
De repartir
Eu quero amor
Eu quero asas
Quero praças
Quero vida
Eu quero o céu azul


Jane Santos

Reformas


Estou num tempo de reformas
Das minhas formas que não deram certo
Um dia esperei tantas coisas
Hoje as coisas me esperam
Ando um tempo de menos sonhos
Mais risonho e bem esperto
Cada dia de cada vez
Cada ano um novo inverno
A cada prato de comida
A cada flor no caminho
Nova vida
Novo aspecto
A realidade hoje é meu rumo
Um horizonte bem mais duro
Mas o amor
Qual como flor
Eu sempre quero.


Jane Santos

Menino lindo


Olha você entre as flores
Olha você em amores
Acariciando tua alma
Ao redor plantando calma
Teu sorriso
Menino
Vai em frente abrindo céus
Caminhos e satisfações
Te vejo luz a clarear
Meu mundinho e meu lugar
Meu orgulho e emoções
Menino
Olha você sendo grato
Às bondades que vem de Deus
Simplicidade
Fim de tarde
Os meus olhos vivem nos teus
Eu te amo
Por vidas inteiras
E te ensino a cultivar roseiras
Como cultivas
O amor meu.


Jane Santos

Fênix



Sempre é preciso renascer das cinzas
Pensar menos no que não tem solução
Chorar menos o leite derramado
Abrir as janelas e os olhos
E amar o que ainda não foi amado
Nem que não seja mais tão profundo
Nem que seja pra remediar
As feridas que doem teu mundo
As dores que te fazem sangrar
Mas o amor não deixa morrer
Deixa ele das cizas voar


Jane Santos

Exala, flor!


Ah flor
Vai longe fazer voar teu pólen
Vai bem ali testar outras terras
Para as tuas raízes cansadas
Vai, flor
E não estranha
Não se acanha
Vai colher o amor
Caminhando em mais estradas.
Beija outros solos
Encanta outros olhos
E exala, exala...


Jane Santos

Raminho de amor


Tem que deixar o amor fazer jardim na alma
Tem que deixar mesmo que ele lhe deixe
Tem que colher as flores plantadas
Tem que colher para que se enfeite
Que se um dia tudo acabar
Haverá ficado um raminho
Um carinho
Um deleite.


Jane Santos

Aquele amor não era amor



Aquele amor não era amor
Ou era um amor qualquer
Ou um amor sem lastro
Um amor não pra o que der e vier
Um amor sem laço
Talvez fosse um amor imaginado
Ou amor inventado
Não era amor eterno
Nem imutável
Não era amor fraterno
Era amor apaixonado
Sem final feliz
De momentos
Intensos
Passado


Jane Santos

Fibras


Minhas fibras suportam
As carícias da vida
Alegrias tecidas
E os enlaces de amor
Suportam também
Becos sem saída
Ilusões perdidas
E lágrimas de dor
Suportam tristezas
E também felicidade
Planos desfeitos
Esperança e medo
Suportam as realidades
Minhas fibras
Só não suportam viver
Regime de inverdades.


Jane Santos

Certas coisas

Só posso dizer
Que minha culpa eu aceito
E aceito as dores também
Os preços que preciso pagar
As lágrimas que devo derramar
E o desconhecido que me vem.
Só posso dizer que não tem jeito
Que tudo já foi feito
E que para certas coisas
Só cabe sinceridade, paciência
E compreensão
Mas que muitas vezes
Tudo isso dói o coração
Porque não é fácil
Ter planos morrendo
Esvaindo-se os sentimentos
E tudo em quanto se construiu.
Mas para certas coisas
Não cabe desânimo
Só o tempo
Só o vento para levar
E sarar, e preparar novo terreno
Só a vida para continuar
Só o amor para encantar
E aliviar os pensamentos.
Até lá, é ter o perdão
De quem machuco
E faço sofrer.
Mas para certas coisas
Só coragem
Esperança de que um dia
Em belos dias
Todo o bem, a paz e o amor

Possam me refazer.

Jane Santos

As dores


Só tu, criatura
Na tua inseparável solidão
Podes conviver com tua dor
Ninguém mais, mesmo que tente
Ninguém para além de teus motivos
De tuas perdas ou ganhos,
Mesmo que queria
Poderá suportar, rever contratos
E tecer outros panos
Os amigos te manterão distraída
Vez e outra que der
O trabalho te trará certo repouso
Mas ela estará lá, intacta
À espera de novos encontros
Novas lamentações de algo
Que não mais se muda.
Quando houver novo encontro
Pega tua dor e um carinho faça
Uma hora ela deixa cair o peso
E tu andarás mais leve
Uma hora ela fará sentido
Mesmo que preciso seja
Por dentro se rasgar
Rasga o que for preciso
Deixa-te um pouco se macular
Deixa a alma padecer uns intantes
E sofre a dor, sem apontá-la o dedo
Entrega-te à profunda análise
De ti mesmo e dos próprios passos
Pergunta à tua vida algumas questões
E aguarda
Certo é que a dor passe
E as respostas venham mesmo que custe
Se os planos morreram, enterra-os
Vela-os o tempo que for preciso
Deposita flores em seu túmulo
Para que perfume
O restante da caminhada
Oferece bons fluidos
Apesar de lamentar a sua morte
Começa de novo.
De novo começa
Mesmo que ainda venham outros tropeços
Outros desgostos e gostos também
Deixa viver tua humanidade
Não te curves ao pensamento
Que te coloca inerte frente à vida
Tu és ser, indivíduo do mundo
E que ainda não acertou com a trilha
Mas vai, olhando para trás
Para errar menos
A dor que vem
É resultado de tuas fraquezas, tuas bobagens
Teus insultos à sorte
No chão se deitam tuas mágoas
Mas levanta o olhar
E observa o horizonte céu azul
Largo, ele te mostrará o tempo
E este cuidará bem te tuas máculas
Mesmo que elas continuem lá
Intactas
Esperando um novo encontro
Regado a lágrimas
Ou mesmo sorrisos de conformação
Hoje choras sobre tua comida
Sobre teu travesseiro
Sobre tuas leituras
Junto às águas do chuveiro
Te reportas, por dentro te recortas
Te recolhas uma hora e chora
Culpa-te
Perdoa-te
Tu de nada sabes e só és nesse mundo grande
E há tantos outros ainda
Mastiga os ossos das desilusões
E sobre eles constrói os teus museus
Deposita neles teu passado
E ao redor inventa flores
Para colorir teu recomeço
Teu futuro
Não há uma só flor
Não há um só amor
Nem uma só dor
Outras dores virão ao longo do percurso
E dentro de todas elas
Permite doer
E depois te erguer alto e forte
Te reconstrói das cinzas, criatura
Feito fênix te remonta
Nada sobrará além de lembranças
Que alfinetarão vez e outra tua felicidade
Mas há por demais tempo
Há por demais chances
Há por demais sorrisos e mãos e olhares
Um dia sim todos se te abrirão
E as dores ficarão mais quietas

Em seus devidos lugares.

Jane Santos