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sábado, 15 de setembro de 2012

O velho




Deixo que a idade me venha

E me conceda, oh Deus
A glória de viver.
Muitos amaldiçoam o tempo
E as rugas que faz crescer.
Mas eu, eu não,
Sou grato e um tanto apaixonado
Pelas curvas que a vida faz.
Suspenso no espaço dos anos
Fica o nome e muito mais,
Ficam as experiências,
Dores e alegrias,
Risos e melancolias,
Ficam os livros escritos,
Ficam os amores.
Nada mais belo que ter histórias
Que roubar do passado
O direito de se mostrar aos outros,
Mostrar os outros.
De pintar um retrato
Com as palavras,
Cheio de faceirice até.
Envelhecer é saber das coisas,
É guardar as pessoas,
É ser importante.
Porque a gente guarda coisas,
Guarda gostos,
Guarda os instantes.

Deixo que a idade me venha,
Cabelos brancos que seja,
Mais importa esse poder guardado
Por detrás da fragilidade
Dos óculos e das lágrimas de saudade.
E se a morte me vier junto,
Pouco importa que isso ocorra,
Porque quem faz ao mundo,
É lícito que nunca morra.
É lícito que se eternize
Nos livros de História,
Nos contos da Literatura.
Quem envelhece o mais que pode
É sortudo, cheio de glória,
Porque mais vivo se faz,
Porque mais desentendidos desfaz
Mais justiça distribui
E do egoísmo se desnuda.


Jane Santos

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