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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quarto da bagunça


O quarto da bagunça está mais belo,
Pois nele entro e me espero um pouco,
Espero a coragem, o efeito do remédio
Anti-mofo.
Nele assim me permaneço, 
Minutos como se fossem eternos,
Horas como séculos,
E as caixas,
Todas elas espalhadas,
Enfeitadas com a poeira do tempo.
Umas flanelas serão ajuda indispensável,
Além da força que deverei fazer brotar,
Para cascavilhar os textos desbotados,
As agendas cafonas,
Os marcadores amarelados.
Deverei fazer surgir a calma,
Para decidir o que fica e o que vai,
O que importa e o que já morreu.
Mas quem alimenta o sentimento da relíquia
De tudo acha que precisa,
Um recorte de jornal, algo que escreveu.
Tudo acha ser grande e glorioso.
E sonha ser um dia 
Um vulto importante,
E tudo aquilo será o tesouro
Do historiador que te busca
Para te depositar na estante,
Como obra de artista.
Mas por enquanto, apenas poeira,
Apenas fuligem.
Tudo adormece na sua insignificância,
Na caixa do quarto da bagunça que eu não irei organizar.

Jane Santos 

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