Saudade sinto
mesmo
De quando eu
podia brincar,
Correr no
terreiro lá de casa,
A casa de meus
avós.
Casa de taipa,
Barroca caindo
no chão,
Teto bem baixo,
Mas que ainda
acho
Ter sido o
melhor casarão.
Naquele tempo
não tinha poste,
Mas a lua
clareava bem
As noites de
contos
De assombração.
Era um monte de
gente
Ao redor da
montanha de feijão.
Debulha e fala.
Debulha e ri.
Debulha e chora.
Era uma parola
só,
Numa diversão
única,
Porque não se
via outra.
Mas eu tenho
saudades ainda assim.
Da comida da
vovó,
Das fugidas com
os primos,
Das casinhas sem
móveis
Debaixo das moitinhas.
A gente caçava
joaninha em tempos de chuva,
E corria todo o
lugarejo
Debaixo de um
toró.
Correndo.
Pegava unha de
gato,
Comia a
florzinha da raposa,
Passava na casa
mal-assombrada
E metia o pé na
carreira.
Gostava até de
pegar água na cacimba,
Longe...
Porque éramos
pequenos.
Éramos donos do
mundo.
Nesse tempo
Podia-se nada e se podia
tudo.
Jane Santos
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