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domingo, 3 de abril de 2011

Em tempos de separação



Eu nem notei a sua chegada,
Seu perfume você deixou em outros lugares
E eu nem senti sua presença.
Também não senti o processo de mudança da alma,
Não percebi o quanto eu te amava,
O quanto doía fundo a insensibilidade
De quando se sabe a verdade,
De quando não se é mais única.
Nem notei a diferença do seu sapato camurça,
Presente em uma data qualquer...
Não percebi-me mais mulher,
Não sei mais os segredos da conquista,
Nem das pernas que despistam a todos em correr.
Esqueci de como se fala
Quando se está enamorada,
É o mal do costume de uma vida casada,
É o mal de ter-me feito um pedaço de ti
E ter-te visto o inteiro de mim.
A dor da despedida nunca senti,
E agora me depedaço toda em lamúrias,
Em saudades e loucuras,
Em querer rever teus olhos, sentir o cheiro de
Perfume suado,
Em te ver voltar cansado do trabalho,
Em te ver recair sobre o meu colo,
Pedindo, suplicante, um pouco de amor.
É essa dor, essa desventura,
Que me arranca da paz dessa penumbra
E me põe a correr o olhar e porcurar-te na esquina,
A falar com alguma vizinha,
A contar anedotas políticas
Ou simplesmente de que não suporta sem mim.

Jane Santos

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