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terça-feira, 5 de abril de 2011

Um dia, no bosque



Um dia, no bosque, colhi flores azuis
Para pousar nas tuas nuas mãos,
Para alegrar teus olhos grandes e negros,
Para ganhar tua simpatia e roubar um beijo.
Um dia, sozinho no caminho seco
Eu desenhei no chão teu nome,
E, poeta atordoado, não soube e nem pude
Dali em diante saber o meu sem ti.
E fui destrambelhadamente conquistando os pássaros,
Reunindo numa sacola suas cantigas doces e fugidias,
Tentei prendê-las pra ti,
Fazendo uma caixinha de música natural.
A memória desse amor me perseguiu por anos,
E sem poder nem querer esquecer esse fato,
Fui escrevendo versos, prosas e relatos
Sobre uma menina que vi sentada à beira do rio,
Andando no bosque,
Escostada ao poste,
Correndo para longe de mim.
E como posso, poeta que insisto ser,
Esquecer os olhos, os dedos com as flores
E a boca sem nenhum susurro?
É tortura viver anos com a lembrança
Do não realizado,
Morrerei apaixonado,
Carregando aquele beijo que só eu dei para o túmulo.

Jane Santos

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