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terça-feira, 19 de abril de 2011

Pobre diabo


A poesia triste é a que vende;
Pois o público quer chorar,
A dona quer o ombro do amor,
E ele quer uma oportunidade para a conquista.
A poesia trágica é a que fica,
A história faz questão de relembrar,
Os críticos elegem como profunda;
A posteridade se apega a ela e diz que é sua,
Tão bela a poesia que faz chorar.
E é por isso e por outros tantos motivos,
Que escrevo tão triste assim,
No desejo de tocar alguém,
Alguma alma perdida nesse mundo além e infindo.
É por isso que me esforço para não apagar essa tristeza
E mostrar aqui toda sua beleza,
Aproveitar o que não tem jeito mais.
Fui criança um dia e rimei palavrinhas,
Cresci e rimo tristezas
De um poeta que morre afagando flores apáticas.
Um dia triste me fez este poema,
Que por acaso alguém vai ler e rir,
E nada do meu esforço terá valido a pena,
Pois de que adiantam lágrimas para quem não está triste?
Triste sou eu, pobre diabo,
Que se perdeu nos versos de um poeta trágico,
Mas que nem assim vendeu nem ficou na história,
Que já não se aguenta mais de tanto fato.

Jane Santos

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