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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Certas coisas



Há tanto tempo não poetiso certas coisas,
Como a fúria de certas situações.
Vivo-as intensamente,
Mas esqueço ou tenho medo de as cantar.
Ficam ali, abandonadas na minha existência,
Ficam ali, renegadas ao poema.

Coisas como essas me deixam vermelha.
Coisas como essas precisam de preparo.
E quando mais jovem elas vinham sem aviso,
Me arrebatavam à poesia louca.
E sem freios eu corria o papel, sentindo o fogo da descoberta.

Quando descobri enfim tudo aquilo,
Aquelas coisas esfriaram nos meus dedos,
Ficaram retidas à mente perplexa
Nas noites curtas.

Coisas como essas agora são difíceis,
E eu as camuflo com palavras tão boas
Que até a vergonha entra na história.
Mas para não deixar de poetisar vez por outra,
Inventei de contar essas coisas...

Jane Santos

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