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sábado, 9 de julho de 2011

A chorosa do amor


É na calada da noite que calo meus reclames,
E tem um calo no meu pé, calo infame,
Que perturba a forma mais doce de fazer amor,
Este amor que negas, tão dono de si,
Meio piegas,
Brincando de fugir,
Pega não pega, seja o que seja, chega o desistir.
É na passagem faceira do tempo que olho o tempo
E vixe, Maria! Vai chover.
Vai chover minhas lágrimas porque você nunca vem,
Vai chover canivete se tem outra mulher. E tem.
E andei tanto pra comprar um livro,
Dar-te de presente, segunda mão,
Que importa?
Estive em tua porta
Que não me foi aberta.
Do armário catei uns mimos,
Umas frases envelhecidas,
Uns olhares amarelados,
E fui toda abestalhada
Treinando as falas,
Materializando o momento,
E que tormento! Que desastre sem fim!
Tive que jogar tudo na primeira lixeira,
Na volta, a revolta das mãos vazias,
Nem um beijo, nem uma lembrança,
Com cara de criança,
Chorei.
E é nesse pensar inquieto aqui nesta cadeira de plástico
Que tento rasgar nossos retratos...
Retratos falsos de sentimentos falsos,
Sorrisos amargos,
Vidas mentirosas num flesh que se apagou,
Pra sempre se apagou.
De olho inchado, cara de besta,
Vou sair nessa sexta e buscar outro amor.

Jane Santos

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