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sábado, 2 de julho de 2011

Entre um muro e outro




Corações inteiros andam pelas esquinas da cidade grande,
Tão grande que meus passos se perpetuam
Ruas avante,
E o olhar se embaralha com tanta propaganda.
O brilho opaco do céu poderia ser o astro do dia,
Faz chuva, faz sol
E o que importa, se ninguém nota?
Eu vou então recortando o imenso das calçadas,
Avenidas alargadas,
Cidades modernas que não vi surgi,
Mas vejo-as crescendo tão rápido, tão rápido, tão rápido
E me perdi!
Os carros correram muito e tentei olhar as pessoas neles.
Se o poeta fosse vivo, além de dentro de mim,
Diria então que as pessoas hoje são pedras no caminho.
Há uma pessoa no meio do caminho,
Sai da frente que vou passar.
Olha o meio... eita! Que esbarro.
E foi pensando nesses pormenores tão menores
Diante das importâncias do mundo,
Que costurei idéias para lhe contar.
Cá entre nós, tá dando saudade do meu mundo pequeno lá do interior.
Eu sei, não precisa dizer,
O interior tá se alargando e se aglutinando com os limites das grandes cidades.
Lá tem tudo que aqui tem....
Mas lá eu conheço as pessoas.
Muito bem, eu sei e não precisa falar...
Ninguém  conhece as pessoas,
Mas lá ainda posso andar a pé.
E a preguiça deixa?
As distâncias cresceram na nossa mente.
Bom, então... gosto de lá não por ser interior, mas por ser meu mundo quase pacato,
Uma cidadezinha arruinada no fracasso político,
Desesperada por dinheiro,
Cheia de intrigas... mas tão bonita.
Lá não sinto tanto os gases no ar.
E aqui, nesse vai e vem de desconhecidos,
De lugares muito muito longe,
Eu sufoco e correr não é a solução,
Pois os carros me atropelam, não esperam,
E eu morro sem voltar.
Há um morto...
Há um morto no meio do caminho.

Jane Santos

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