Seguidores

domingo, 6 de junho de 2010

Retalhos


Retalhos da minha alma

Demonstram minha angústia.

Despedaçados na sala,

Na cozinha da casa,

Na área de serviço.

Sobre os móveis imóveis,

As colchas retalhadas,

O chão e o brilho.

Retalhos da minha alma

Destroem minha libido

Limitada ao ouvido,

Limitada à porta de saída.

Retalhos coloridos

Escurecem despercebidos a cor

Das minhas maçãs.

Os cabelos escorridos,

Negros indecisos

Se esvaem no colchão.

Retalhos das minhas lágrimas

Vão molhando minhas malhas

De camisola curtíssima.

Pouco a pouco, tristíssima.

Superlativamente perdida

Na imobilidade escurecida

Da solidão.

Na sala, no fogão.


Jane Santos

Nenhum comentário: