Corre na veia um sangue.
Meus tataravós correm em mim.
Pai e mãe.
Marcam em meu corpo
Traços passados.
Mil e novecentos, oitocentos,
Índio, negro. Portugal.
Unhas, olhos, boca, face. Língua.
Corre na veia um sangue.
E que farei daqui em diante?
Misturarei este sangue,
Farei nova solução do seu vermelho.
Aqui e ali, cidades e vilarejos.
Cada sangue colherei para formar
Mais um.
Pois eu sou, eu serei, eu serei, eu serei.
Eu mãe. Eu tataravó.
Marcarei meus traços, os teus traços
Em corpos diversos, branco, preto...
Transparente.
Pois quem sabe acabe aqui,
Tu e eu. Quarto, parede.
Quem sabe nosso sangue seja solução,
Mas quem sabe também não.
Que os livros de história
Ou conto de fada
Possam nos traduzir.
Jane Santos
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