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domingo, 6 de junho de 2010

Sangue em solução

Corre na veia um sangue.

Meus tataravós correm em mim.

Pai e mãe.

Marcam em meu corpo

Traços passados.

Mil e novecentos, oitocentos,

Índio, negro. Portugal.

Unhas, olhos, boca, face. Língua.

Corre na veia um sangue.

E que farei daqui em diante?

Misturarei este sangue,

Farei nova solução do seu vermelho.

Aqui e ali, cidades e vilarejos.

Cada sangue colherei para formar

Mais um.

Pois eu sou, eu serei, eu serei, eu serei.

Eu mãe. Eu tataravó.

Marcarei meus traços, os teus traços

Em corpos diversos, branco, preto...

Transparente.

Pois quem sabe acabe aqui,

Tu e eu. Quarto, parede.

Quem sabe nosso sangue seja solução,

Mas quem sabe também não.

Que os livros de história

Ou conto de fada

Possam nos traduzir.


Jane Santos

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